A prática da caligrafia implica a interiorização de valores éticos e estéticos fundamentais para a plena fruição da escrita e da leitura. Se escrevemos para sermos lidos, quer por nós próprios, quer pelos outros, então devemos fazê-lo correctamente. Conhecer as regras do código, cumprir as regras gráficas e ortográficas instituídas para a prática da escrita, garantirá uma maior facilidade de comunicação e interacção com os outros.
A nossa identidade gráfica, o nosso estilo único na escrita, advirá então da entrega com que nos lançamos a um meio e a um suporte que fixe os nossos pensamentos. A dedicação ao desenho da letra, mais ou menos ornamentada, e a destreza com que o fazemos, define a nossa competência escritora, a velocidade e o ritmo a que nos é possível expressarmo-nos através da escrita.
Neste contexto, quanto mais escrevermos, melhor escreveremos.
A que hoje se designa como "letra de imprensa", mas manuscrita, trata-se de um tipo de escrita com uma produção mais morosa do que a escrita cursiva pois implica que a caneta levante e pouse no papel mais vezes não oferecendo, ao escritor, um movimento contínuo. Obriga a uma disciplina maior no espacejamento entre letras uma vez que este é relativo ao definido entre palavras. Uma vez separadas, o início de cada letra obriga ao repensar da sua escala relativa.
A escrita cursiva permite uma maior velocidade e uma discriminação mais clara de cada palavra ou unidade gráfica que é desenhada com as letras interligadas. É o tipo de manuscritura que oferece maior grau de liberdade na construção da caligrafia pessoal já que o desenho da letra está mais dependente da fluidez e orientação do movimento, da distribuição no espaço e da pressão da caneta na construção de cada sinal gráfico. Além disso, na escrita do tipo cursivo as letras desenham-se de forma distinta consoante a sua posição na palavra o que permite definir mais variações de um sinal gráfico para um mesmo som.
Apesar de a letra de imprensa ser mais facilmente reconhecida, porque é mais frequentemente utilizada nas edições impressas, o importante é compreender que os grafemas, ainda que desenhados de modo diferente, representam igualmente os sons de uma língua, ou seja, cumprem a mesma função comunicativa.
Independentemente do grau de habilidade e de autonomia adquiridos, desenhar letras, experimentar estilos, ritmos, escalas ou ornamentos, pode ser um prazer sem idade.
Assim, para a prática do prazer da escrita proponho o uso dos Cadernos Caligráficos da Porto Editora, dos criadores intelectuais Maria Elisa Sousa e Rui Lobo, que oferecem 3 níveis de aprendizagem da escrita cursiva. No mercado há já uma vasta oferta de cadernos de actividades, com uma grande variação de personagens que os apresentam, que incluem a prática da escrita e do desenho de letras e palavras em ambos os tipos. Estes podem ser mais cativantes para as crianças em tempo de férias, mas também podem ser complementares.
Para além destes, há sempre lápis esquecidos nas gavetas, encontrados no chão e gratuitos na IKEA. E qualquer pedaço de papel pode formar um caderno para experimentar e aperfeiçoar uma competência básica como é a escrita.
Para compreender melhor, ou recordar, o conjunto de normas da utilização dos sinais gráficos é de levar para férias também um Prontuário Ortográfico e Guia da Língua Portuguesa. O da Casa das Letras, de Magnus Bergstrom e Neves Reis, oferece uma edição actualizada de acordo com o novo dicionário da Academia, na sua já 49ª edição.
Para além destes, há sempre lápis esquecidos nas gavetas, encontrados no chão e gratuitos na IKEA. E qualquer pedaço de papel pode formar um caderno para experimentar e aperfeiçoar uma competência básica como é a escrita.
Para compreender melhor, ou recordar, o conjunto de normas da utilização dos sinais gráficos é de levar para férias também um Prontuário Ortográfico e Guia da Língua Portuguesa. O da Casa das Letras, de Magnus Bergstrom e Neves Reis, oferece uma edição actualizada de acordo com o novo dicionário da Academia, na sua já 49ª edição.
A somar a estes, e a outros à escolha, pode sempre acrescentar-se um livro que descreva a língua portuguesa. Acordos à parte, a minha geração sedimentará mais facilmente o que adquiriu, também porque as férias são sempre curtas, com a Breve Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra, das Edições João Sá da Costa. Mas há outras.
Boa escrita, boa leitura e boas férias.
Até Setembro!
Helena Gonçalves
Boa escrita, boa leitura e boas férias.
Até Setembro!
Helena Gonçalves
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