sábado, 6 de junho de 2009

Medidas contra os preconceitos

Na sequência do post publicado anteriormente («Mitos e preconceitos à volta do livro infantil»), deixamos aqui um conjunto de possíveis «antídotos» avançados durante um brainstorming na aula de Edição conduzida por Isabel Minhós Martins. A divisão por âmbitos de actuação é meramente referencial, podendo ter correspondência, na realidade, a vários protagonistas em simultâneo.

Medidas governamentais:

- Reestruturar o Plano Nacional de Leitura (PNL), sendo esclarecidos os critérios de selecção dos títulos que constam das listas;
- Estabelecer uma carta dos direitos fundamentais inalienáveis do leitor infantil, associada à carta dos direitos das crianças e incluída no PNL.
- Reestruturar os currículos dos professores e educadores para que o livro infantil seja valorizado como uma ferramenta de trabalho fundamental, em alternativa ou complemento aos manuais escolares;
- Valorizar e fomentar a educação para a arte nos currículos escolares;
- Estabelecer o paralelismo entre a leitura e a cidadania;
- Introdução de mudanças nos currículos escolares para que as crianças de hoje possam a vir a ser adultos que valorizem mais o livro;
- Criar um conjunto de medidas de apoio e incentivo à publicação de livro infantil com qualidade privilegiando a produção nacional, para valorizar e refrescar o panorama editorial português ;
- Multiplicar a ideia da Casa da Leitura;
- Retirar ou baixar o IVA ao livro infantil;
- Promover e incentivar a edição em capa mole, como uma boa prática ecológica.

Medidas institucionais:

- Criar mais extensões bibliotecárias e bibliomóveis;
- Constituição de equipas de trabalho multidisciplinares;
- Investir na formação de mediadores de leitura dentro e fora das bibliotecas, com criação de bolsas de estudo;
- Oferta de mais acções de formação específicas na área do livro para pais/educadores/professores/mediadores;
- Colocar efectivamente em funcionamento mais bibliotecas escolares;
- Equipar as bibliotecas escolares com bom fundo documental;
- Realizar acções de leitura em voz alta em locais públicos e para públicos específicos (pais, professores, etc.);
- Existência de comunidades de leitores nas livrarias;
- Os profissionais do livro devem trabalhar temáticas consideradas «difíceis»;
- Criar cursos de especialização para livreiros e editores na área do livro infantil.

Medidas comerciais/editoriais:

- Maior critério de selecção por parte das editoras quanto à edição de livro infantil e maior valorização do trabalho dos autores (escritores e ilustradores);
- Não esquecer nunca que um livro infantil é um objecto criado pelo conjunto do texto, da imagem e do grafismo e que os três profissionais (escritor, ilustrador e designer gráfico)devem estar sempre em contacto uns com os outros no processo criativo, mediados pelo editor, com o fito de obter um produto coeso e de qualidade superior;
- As editoras deveriam ter ao seu serviço promotores de leitura, apostarem na criação de blogues e fichas de exploração de alguns títulos;
- Criar mais revistas especializadas para o público infanto-juvenil;
- Investimento em publicidade mais visível na TV e outdoors;
- Alguns livros serem acompanhados de guiões de exploração;
- Investir mais na crítica literária e na edição de qualidade;
- Realizar feiras do livro exclusivamente dedicadas ao livro infantil;
- Dar mais destaque ao livro infantil dentro das livrarias;
- Os próprios autores devem encarar o seu trabalho com maior profissionalismo e não se desvalorizarem.

Medidas familiares:

- Dar às crianças cheques-prenda para serem descontados em livros;
- Deixar a criança escolher os livros de que gosta e incentivá-la ao seu manuseamento desde a nascença;
- Incentivar ao maior envolvimento das famílias com o objecto «livro»;
- Promover acções de leitura de proximidade – contar ou ler uma história por dia em conjunto com a criança.

1 comentário:

Fir disse...

Um conjunto interessante de medidas, embora algumas sejam utópicas. Faltariam talvez algumas ideias sobre o que cada um de nós pode fazer em vez de dizermos o que os outros (Estado, escolas, editoras, autores, etc.) deviam fazer.