«Quando o despertador tocou, a casa inteira parecia ainda adormecida. Lavínia sentou-se na cama e, de repente, lembrou-se que o Natal estava à porta.«Meu Deus», exclamou, «tanta coisa para fazer e eu aqui deitada!»
Não tardaria a ver a Mãe chegar a pedir-lhe o pequeno-almoço, ou o Pai a resmungar porque queria ter ficado mais tempo na cama. «Adultos...», pensou, «é preciso ter muita paciência com eles...»
A Mãe andava agora com aquela mania de que o Pai Natal não existia! Lavínia sorrira, e cheia de boa vontade lá lhe explicara que isso era mentira, que ela não devia acreditar em tudo o que lhe diziam no emprego.
O emprego era para onde Lavínia levava a Mãe e o Pai todos os dias. Lá estavam outros adultos, e todos brincavam muito uns com os outros, até que chegava o momento de voltarem para casa. Depois era a hora de tomar banho, Lavínia contava-lhes uma história e eles adormeciam.
Mas nestes últimos tempos, com o Natal à porta, andavam muito excitados.
- O Pai Natal não existe. Eu sei - dizia a Mãe.
- O Pai Natal é mentira. Toda a gente sabe - dizia o Pai.
Então Lavínia, cheia de paciência, contava-lhes a história verdadeira do Pai Natal, e todo o trabalho que ele tinha na noite de 24 de Dezembro, para escorregar pelas chaminés abaixo e deixar, na cozinha de cada criança, aquilo que cada criança tinha pedido.
- E como é que ele cabe na chaminé? - perguntava a Mãe.
- Não se está mesmo a ver que é mentira? - dizia o Pai.
Lavínia sorria, sorria sempre. Eram tão engraçados, os adultos! O pior é que o tempo passava muito depressa. Não tardariam a ficar crianças, e então perdiam a graça toda. Era aproveitar agora. [...]»
2 histórias de Natal, de Alice Vieira e João Caetano (ilustrador), Caminho.



Licenciado em Filologia Hispânica e em Teoria da Literatura e Literatura Comparada, diplomado em Trabalho Social, dedica-se desde 1994 à criação literária e à narração de contos. Participou já em inúmeros eventos e festivais de narração oral, bem como na organização da Maratona de Contos de Guadalajara. Em 2005, com Palabras del Candil, deu inicio à edição especializada de livros de narradores orais.




O primeiro tomo é dedicado ao Caracol, animal em torno do qual se desenrola uma história com inúmeras histórias musicais.
O tomo II conta e canta a história de uma borboleta que foi encontrada por um grupo de primos enquanto brincavam no quintal do avô.
Os tomos III, IV, V e VI são dedicados, respectivamente, à galinha pedrês, à formiga, ao pinguim e, para encerrar o ciclo, a uma patrulha de bicharada.
Um extra: chega-nos O Capuchinho Vermelho em pop-up. Cada página tem uma emocionante e industriosa construção ao mais alto nível, no que se refere à engenharia do papel, que é algo a explorar ao pormenor. Isto dá a histórias toda uma nova dimensão, tornando a leitura uma experiência ainda mais agradável e exuberante.
É de tal maneira sensitivo que quase conseguimos ver as folhas e os ramos das árvores a mexer ao sabor dum vento que nos bate na cara, bem como ouvir o rosnar do lobo mau, faminto.