Livros à Solta na Fundação de Serralves

No passado fim-de-semana terminava a "Feira do Livro Infantil" na Fundação de Serralves. Rumei ao Porto, obviamente entusiasmada com o prometido no site. Vim de lá rica em ideias e muito satisfeita com as acções do Serviço Educativo da Fundação. Mas não com esta Feira que muito pouco tinha do nome: apenas três bancas de reduzida expressão e variedade de títulos e nem uma promoção no que toca aos preços; resumia-se a uma - sempre louvável, diga-se - selecção de obras dirigidas às crianças que se iniciara com a Festa do Outono.
No espaço dedicado ao Serviço Educativo estão expostos os trabalhos realizados com as escolas, entre Maio e Setembro deste ano, no âmbito do projecto "Livros à solta". Num espaço amplo e muito bem organizado, é possível apreciar a dedicação e o envolvimento de professores e alunos na resposta ao desafio colocado: "uma reflexão sobre o conceito de livro de artista e a experimentação a partir deste suporte, numa aproximação às linguagens da arte contemporânea." Os trabalhos estão muito bem executados e revelam um grande empenho, planeamento e criatividade. As peças primam pela busca de originalidade, conseguida com a dedicação e a abordagem de conceitos artísticos.

De alguns trabalhos fazia parte a componente interactiva com recurso a tecnologia caseira mas funcional: é possível ler e construir histórias utilizando placas transparentes que se tornam legíveis sob a luz projectada num ecrã de pano, e ainda explorar os caminhos entre letras fazendo deslocar um íman.

Tal como o anterior, o Projecto com escolas 2009-2010 dirige-se ao público que vai do nível pré-escolar ao ensino secundário, com um funcionamento gratuito e a inscrição prévia no início do ano lectivo. O programa inclui formação de professores, oficinas temáticas (workshops), seminários, visitas à Fundação de Serralves e, mais uma vez, a exposição final dos trabalhos realizados. "Máquinas" é o tema do ano e propõe a reflexão sobre questões relacionadas com a ecologia, a arte e o design.

Ainda que conceptualmente mais afastado dos "nossos" livros infantis, crianças, pais e professores por certo buscarão na leitura a informação necessária para a execução dos seus projectos e, quem sabe, não advirão interessantes e inovadoras propostas de livros electrónicos funcionais e ecológicos, que suportem comunicações artísticas, com sentido literário?

Aguardam-se as intervenções da comunidade e, claro, recomenda-se uma visita aos jardins da Fundação, uma paragem num tempo que convida à leitura.
Por isso mesmo, na "feira" aventurei-me a descobrir De onde vêm as coisas?, da Edicare, com texto de Anne-Sophie Bauman e ilustrações de Émilie Chollat e Robert Barborini. Um bom livro para ler, explorar e partilhar, fora do alcance dos castanheiros, mas com os belos frutos disponíveis ao lado.

Para saber mais sobre o Serviço Educativo do Museu e consultar outras informações no site da Fundação de Serralves, clique aqui.
Para aceder ao site interactivo da ilustradora Émilie Chollat, com versão em inglês e francês, clique aqui.
Para conhecer melhor o trabalho da Edicare clique aqui.

Helena Gonçalves